28 julho, 2005

Para você em algum lugar de São Paulo...


Dedico este dia a você. De qualquer jeito, de qualquer maneira, você é grandiosa. Grande em todos os sentidos. Quando te conheci soube no primeiro momento que um dia nossas “almas” (nosso inconsciente?) iriam se conectar. Foi assim. É assim. Além de toda admiração que tenho pelo seu intelecto, admiro sua força. Embora com medo, corajosa. Determinada. Sei como deve ser difícil para você fazer esses movimentos, principalmente quando não se sabe para onde se vai. Mas também sei que em um tempo, no qual não sei precisar, esse movimento terá sido valioso.Você sabe disso, em algum lugar, aí dentro, você sabe.Não se angustie tanto. Tudo será... Lembrei-me de uma frase “Não existe tempo tardio para se fazer uma análise”. Não existe tempo pronto, não existem emoções prontas, não existe amor pronto. Assim é. Todos os dias uma nova construção. Que as suas escolhas te levem para lugares lindos, mesmo que possam ser tantas vezes dolorosos, angustiantes.
Estarei aqui, torcendo, acreditando, sofrendo, rezando, orando... Desejando-te o melhor! Amo-te e te beijo.

26 julho, 2005


..."Você sabia, eu falei, que o figo não é uma fruta mas uma flor que abre para dentro?"
Caio Fernando Abreu


Entre uma leitura e outra, me lembro de como era (bom?) imaginar o amanhã. Aquela outra vida ficou para trás, entre uma remota lembrança e o “ainda bem” de agora. Prefiro esta. Mais humana, mais inteira, mais minha. Sem urgência, mas com uma certa desorganização que chega a beirar a loucura a qual me escapo por não ter certezas, promessas, e sim a vida, que é esta.

22 julho, 2005

“... não quero esse mundo feito de coisa...”.
A paixão segundo G.H. Clarice Lispector

20 julho, 2005

A tatoo já não dói mais, a conjuntivite passou e não me lembro dos outros traumas. Estou bem, sinto-me bem. Mas é só isso, estar bem? Será que existe um momento onde SOMOS FELIZES? Tenho me questionado ultimamente sobre isso. Estou lendo um livro, Notas do subterrâneo – F. Dostoievski –, onde ele trata dessas questões. “... mas como se explica que também ame (o homem) tão apaixonadamente a destruição e o caos?” Pode o homem ter prazer com a dor? Atendo no consultório pacientes que escolhem a dor, se beneficiam e promovem, em si mesmos e nos outros, destruição, angústia e dor. Ela funciona como linguagem,como símbolo. O que me escapa é que façam dela o seu “palácio”, enquanto outras possibilidades são... Muito embora eu saiba que tantas outras possibilidades não são...Eu sei que isso é bem louco; optar pela dor... É uma opção? Ou é um destino nos moldes da tragédia de Édipo Rei? Onde se situa a necessidade, a impossibilidade e a escolha? Vejo pessoas que julgam e imediatamente já situam as suas posições. Existe o intermédio. Existe o ENTRE! Não é só essa força neurótica que obriga, manda, e retira o desafio de se re-inventar. Às vezes é preciso não dar conta, às vezes pode-se não dar conta! Não quero fazer uma conexão com a dor, mas não afasto a contradição, as incertezas. Quero correr riscos, e me desafiar na correnteza do desconhecido, do mutável, do fantástico. Não quero o caos, também não quero a lógica, o rígido, o eterno, o fim... Quero trafegar no entre e poder construir, ou re-contar, uma história que norteia tanto o tangível quanto o infinito.

16 julho, 2005

Hoje não vou escrever. Fiz uma tatoo no pulso que me impossibilita até de pensar. Está doendo muito!!!!!

15 julho, 2005

E essa vontade desesperada de saber quem sou...
Queria acordar um só dia sabendo.

14 julho, 2005

São Paulo

VALE A TORCIDA DE TODOS...

O real valor do crime

Não gosto de creditar culpa às pessoas antes da hora,e acho que TODOS têm realmente o direito de se defenderem.Acontece que un$ têm mais que os outros e isso é por todos sabido. Ontem me indignei. Não pelo fato da DASLUZET "ter" sonegado os impostos e ser inquirida em mais três ou quatro acusações. Fiquei com raiva dela ter saído para a delegacia dentro do carro do delegado,enquanto por muito menos milhares de pessoas no Brasil vão sim no camburão, mesmo em ocorrências até mais leves. Não quero que a "pobrezinha" passe pela vergonha popular, porque seria pior ainda. Imagine as socialites paulistanas levantando seus lenços Loui Vitton brancos na porta da delegacia e gritando palavras de ordem do tipo:"POR FAVOR SOLTEM NOSSA RAINHA",enquanto se desesperam por não mais poderem comprar seus vestidinhos que chegam a custar R$30.000,00.Mas não é só no Brasil...Os ricos,brancos,heterossexuais,ainda são a cara do mundo atual,embora nem sejam tantos assim.De outra forma, as pessoas do mundo todo estão consternadas com o fato de vários ingleses terem morrido no último ataque.Também sinto muito. Não tenho nada contra eles e nem pelo seu país, mas todos os dias dezenas de pessoas morrem no Iraque,na África e no Brasil, e não vejo nenhuma matéria jornalística,nenhum presidente ou líder fazendo discursos solidários, nenhuma flor sendo depositada em seus túmulos, porque muitas vezes não existe túmulo. O que sobra de tudo isso? Grana!!!! Nos dois casos é o poder financeiro que está em jogo.É a fome de ganhar mais,de ter mais,de conquistar mais.É o descaso com o outro,com sua necessidade,com sua existência. Desculpem- me DASLUZETES E INGLESES, vocês não têm culpa. Somos nós mesmos os maiores responsáveis por nossa desgraça. Nossa omissão,covardia e ilusão não nos deixa lutar por justiça, aliás ,onde será mesmo que ela está?

09 julho, 2005

A solidão do EU

"Eu não sou EU, nem sou o outro. Sou qualquer coisa de intermédio..." Mário de Sá-Carneiro

Do nascimento à morte somos seres solitários.A solidão que amedronta, apavora e que cala. Falo de solidões.
Há a singularidade do ser humano que o impossibilita de ser dois. Ser um é ser só. A solidão surge na cisão, na diferenciação, no momento ímpar de se tornar Eu. O Eu decide, escolhe, ama, mata. O Eu decide no momento “do nós” e até pelo nós, mas ele é sempre um. O Eu se empresta, mas ele nunca se dá. Ele compartilha, mas nunca se funde. Cindido ele é ferido.A solidão de ser só, é diferente de ser um, inteiro, integro. Falo também da solidão de estar só. Esta é diferente. Ela se situa no outro, ou melhor, na ausência desse. Estar só, sozinho, solitário é muitas vezes não ter o outro, sua companhia, sua fisionomia. O outro muitas vezes é o depósito da nossa necessidade, da nossa vontade, do nosso desespero.Quando muitas vezes, pede-se licença para existir e desculpas por ser. O outro se torna meu, se torna Eu. O ciclo recomeça. Se eu falo de solidão, falo da necessidade inexata de encontrar o eu escondido ou camuflado dentro de nós. Escondido muitas vezes pelo outro que nos forma, que nos mostra, que nos aponta, que nos aprisiona. O outro que sou eu, que é você. Quando SOMOS, digo, quando o Eu é, ele não receia em estar sozinho, ele não se amedronta com o hiato. Quando há EU, a solidão não é inimiga, não se corporifica como o mau. Ela é, assim, solidão, mas não morte.

08 julho, 2005

De volta, mas...

Cheguei de Lavras depois de uma noite cheia de infortúnios.Para variar,tivemos que trocar de ônibus, às 3:00h,em meio a gritaria de uma alucinada que jurava estar em plena luta pelas DIRETAS JÁ! Ela começou o seu alarde 1:00 e não parou mais até a chegada em Brasília.Eu não merecia.Não depois de trabalhar muito,ouvir muito e não descançar nada.O trabalho em consultório as vezes é bem desgastante. São tantas pessoas, e suas demandas, que fica praticamente impossível não se desgastar um pouco,um tanto. E eu com as minhas. Depois de gripe e conjuntivite,agora é o fígado que não está bem, e junto dele, o colesterol resolveu fazer um passeio pela órbita da terra e segundo um especialista vai demorar, no mínimo, trinta dias para voltar,sem falar num tal de triglicérides que se juntando ao ácido úrico ficaram com inveja e resolveram ir mais longe,quem sabe para outras galáxias? Pelo visto, meu organismo que sempre foi tão responsável, resolveu pedir "arrego" e tratou de fazer greve de funcionamento.Agora é sentar, relaxar, e passar um mês lendo bastante,assistindo a vários filmes,comendo todos os verdes que eu puder, ou der conta, malhar, e se der (???) ser bem paparicado, porque ninguém é de ferro.Eu descobri que NÃO SOU!!

04 julho, 2005

Foto:S.Freud by Andy Warhol

Dia de Lavras...

Hoje acordei com aquela vontade,não mais estranha,de não querer ir! Sabendo porém que, depois de 12 horas dentro de um ônibus,estarei bem,feliz,realizado.Gosto de Lavras,do trabalho,da psicologia.O que detesto, cada vez mais, é o ter-que-fazer.Vou,mas volto.Eu sempre volto!!

02 julho, 2005

Eles me colocaram no caminho e me ajudaram a chegar até a porta de entrada.É verdade: entrei porque quis! As primeiras salas eram lindas,livres!Um misto de cores,formas,sensações, invadiu o meu espaço e me fez perceber que aquele era o meu lugar.Um lugar inexplorado,imaculado.Uma terra onde Homem-aranha vira Robin e o sítio do pica-pau amarelo está dentro do lustre da cozinha.Onde há, não só um grilo falante, mas centenas deles, dentro da piscina.Onde as fogueiras são mais altas,os adultos são heróis e tudo o que se deseja é viver alí para sempre,ou pelo menos levar o alí para qualquer outro lugar. Bolhas de sabão,patins,piscina,presépios,festas,bedtime stories,principalmente histórias.Mesmo assim existiram momentos de dificuldades e procurei pela saída.Já não tinha como.A volta era um caminho longo demais.Prossegui. Muitas vezes dizendo a mim mesmo que essa era a melhor escolha.E foi. A sexta sala era grande demais.Muitas portas,nenhuma saída.Desconhecidos conhecidos habitavam o fantástico cenário de cores indefinidas,estranhas,fechadas.Doeu e como doeu.Não na carne.Era a primeira vez que a alma sofria.A primeira de muitas.Quando a alma sofre chega-se a perder a esperança.Eu perdi.Pelo menos naqueles dias.A sexta sala era grande demais!Tomou conta de vários outros cômodos,mesmo que completamente distintos.A dor ainda estava lá,disfarçada de raiva e melancolia que teimavam em se instalar.Vieram outros desconhecidos,mas a alma,esta já havia sofrido o impacto só comparado a uma explosão nuclear.Não havia saída possível,lugar seguro,pessoas seguras. Durante muito tempo eu fiquei lá,com a "des-esperança",com a solidão,a urgência,a vingança e a violência.

01 julho, 2005

"... Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido, até meus exércitos sonhados sofreram derrota ..."

"...Outra vez te revejo, com o coração mais longínquo, a alma menos minha ..." Fernando Pessoa

Foto:Nina Jacobi

Germes e vermes

Agora que estou um pouco melhor,consigo falar no assundo. Não fazia exame de vista há mais de 5 anos, uma vergonha para alguém míope! Resolvi procurar uma clínica, fui para aquele suplício. Lembrei o porquê de ter demorado tanto a voltar: ODEIO DILATAR PUPILA. Bom, nem foi tão ruim assim perto do que me esperava! Quatro dias depois o médico pediu que eu fosse fazer um teste de lente de contato, uso lente há mais de 15 anos mas, mesmo assim, eu fui. O teste foi um fracasso, a lente estava antiga e não resolveu o meu problema,pelo contrário, me causou um. No outro dia, acordo e ao me deparar com o espelho quase caio duro. Meu olho direito estava num estado lastimável. Não queria acreditar,mas já sabia o que era e de onde tinha vindo aquilo. Voltei à clínica e o diagnóstico:CONJUNTIVITE. O médico tentou amenizar dizendo que se tratava de uma forma alérgica, mas que era sim devido à lente de contado daquele maldito teste. Uma semana depois, e a minha irritação aflorada(quem me conhece sabe do que estou falando), acordo com o outro olho infectado! MARAVILHA,ALERGIA AGORA PEGA!! Voltei ao médico e agora o problema não era mais alérgico e sim VÍRUS!!! Dessa vez exigi que ele me desse o remédio,mas o estrago já estava feito. Milhões de vírus nos meu olhos,vindos sabe Deus de onde! Resultado: 10 dias de martírio, muita raiva,indignação e dois finais de semana sem sair de casa!!!