25 agosto, 2006




É isso.

23 agosto, 2006

Nunca quis te roubar para mim. Nunca quis que você fosse uma jóia minha, guardada longe dos olhos dos outros. Nunca quis que você fosse mais meu. Não te quero meu, te quero seu... Te quero inteiro, forte, dono de si, independente. Porém, às vezes gostaria de te prender, te esconder. Não dos outros, mas de você. Te esconder dos seus desejos, das suas verdades e necessidades. Gostaria que você me perguntasse se podia... eu te diria que não, te diria que sim... eu estaria aí, perto de você, dentro de você, como consciência. Gostaria que fosse fácil. Mas você deseja... e muitas vezes não sou eu... É difícil para mim não ser o desejo do outro. Tropeço quando não me reconheço, quando não me vejo refletido. Aliás, não tropeço. Eu caio, e como é difícil cair. Psicanálise a parte, ontem descobri que você me viu errado, embaçado, desfocado. Percebi que aquele que eu pensava ser já não estava mais lá, não para você. Você me olhava, mas não me via. O seu amor não me viu. Ao contrário, o meu te enxergou completamente. Te vi através do escuro, te reconheci assim que meus olhos cruzaram os vidros. Vi você amedrontado,assustado, recuado. Não era para eu estar ali. Não queria ter estado, não queria ter te visto. Queria ter te achado dormindo, assim eu seria louco e de manhã acordaria meio triste, mas inteiro. Hoje acordei deficiente. Deficiente de mim. Deficiente de você. Acordei sem ter porquê. Levantei para procurar respostas, assim poderia te achar e tudo ficaria como antes. Não achei. Te perdi. Me perdi.
Sou passional, excessivo, louco varrido. Hoje estou como quem cata vento, raquítico de esperança. Minha doença é desnutrição. Minha doença é não saber você.
Eu amo. Descobri que isto faz toda a diferença.

22 agosto, 2006

Gostaria de me prender nas asas de um pássaro e assim poder voar para longe daqui. Gostaria de um silêncio que não gritasse dentro de mim. Gostaria de um silêncio calado, sem ecos, sem imagens. Passei a noite vendo filmes. As imagens insistem em se manifestar como espíritos que buscam um lugar e não encontram. Tudo é desatino nesta manhã de impossibilidades. Tudo é vontade de ter pensamentos que calem. Tenho uma banda dentro de mim. Não tenho maestro. Escrevo para dar conta da dor, mas o que sinto é uma vontade imensa de não existir, talvez porque o instante seja outro e eu continuo preso nas imagens de ontem. Talvez porque eu seja eu e este me arrasta para o vale do não sentido. O que sinto é queda, o que vejo é que não tenho chão.

16 agosto, 2006


Prozac, anafranil, lexapro, tofranil, pamelor, efexor, tryptanol, deprax, zetron, tolvon, zoloft, pondera, aropax, olcadil, rivotril, urbanil, frontal, apraz, lexotan, lorax, diazepan, valium, somalium, dormonid, rohipnol, imovane, haldol, semap, orap, flufenan, stelazine, melleril, dogmatil, zyprexa, leponex, socian, geodon, neurim, Tegretol, carbolim, progresse...

12 agosto, 2006

I.M.P.R.O.V.I.S.E

Saia da mesmice.

Desejo.

03 agosto, 2006

Edvard Munch - The Kiss - 1897

Nunca acreditei muito no amor, pelo menos naquele tipo que eu consumia vendo todas as novelas da globo. Era amor demais. Alto demais. Grande demais. Bonito demais. As pessoas sempre felizes, ou quando não, sofriam desesperadamente, mas no final lá estavam elas... Felizes para sempre. Para mim o amor sempre foi mistério indecifrável, inesgotável. Poder demais dentro do peito, da cabeça, do estômago. Não sei. Nunca soube. Sinto. Mas não sei por que. Queria saber, assim poderia tratá-lo, educá-lo, matá-lo. Não o meu, claro, ele vai muito bem, obrigado, mas poderia prestar consultoria... Ganharia muito dinheiro. Faria as pessoas deixarem de amar. No entando, o mundo perderia um pouco de charme. É bom amar, melhor ainda é ser correspondido, porém, isso não interessa muito ao amor. É claro que as pessoas querem ser amadas em retribuição, mas quando não são, o amor continua lá. O amor é nosso , não do outro. E assim, nós o levamos para onde queremos. Vez por outra para a cama, outras tantas para o médico, para o padre, para o analísta, para o bar. Quero levar o meu para o céu, como Abelardo e Heloísa. Em alguns momentos, é no inferno que ele habita, como Florbela, como Rimbaud. O amor é nosso, como nosso também é o ciúme e a inveja e a raiva e o perdão e o tédio e a doença e a solidão... assim, sem ponto, sem vírgula. Tudo nosso, juntos. O amor é sozinho, sem vizinho, sem amigos. É neblina, colina, roda-gigante. Coisa estranha é o Homem: ele ama, e aí ele não é mais dele, nem do outro, nem de ninguém. Ele é do amor. Ele pertence a outra lógica, àquela do mistério indecifrável. O amor foi dado a ele, com isso ficou perdido, louco varrido, desmedido, mas acima de tudo vivido, sentido, doído.