25 março, 2006

futilidade

Só quem usa óculos pode entender a satisfação de se olhar no espelho e ver que aquele óculos que você achou lindo ficou igualmente perfeito no seu rosto. Esta é minha emoção hoje. Comprei um prada que valeu todos os centavos e olha que foram muuuuuitos!

19 março, 2006

Ela tinha um silêncio que me abraçava. Era um silêncio de amor, de respeito, também de medo mas, sobretudo, de conforto. Como eu me sentia protegido quando ela me refletia através daqueles doces e tristes olhos. Para nós as palavras nunca foram muito necessárias, antes, o nosso olhar construía caminhos. Assim, não escancaramos verdades e também não edificamos mentiras, não nos precisamos doer, não desabamos no inabalável destino daqueles que precisam de palavras. Nosso amor não precisou ser provado, provocado, medido, testemunhado. Fizemos o incondicional. Lembro-me que no último dia os seus olhos eram de medo, ela não queria, mas também não sabia como reverter o processo. Me olhou com olhos tristes, disse que me amava. Eu sabia. Disse de novo. Olhou-me de novo, agora dentro, bem dentro. Senti. Chorei. Depois de alguns dias ela se foi. Aquele silêncio hoje conversa dentro de mim. Aqueles olhos sorriem, também dentro. Fundo. As palavras continuam desnecessárias, mas gostaria de lhe dizer e ouvir. Hoje fiquei triste com os ecos.

12 março, 2006

..." que pena que, às vezes, a vida tenha de esperar tanto tempo para renascer da sepultura! Que pena que, às vezes, a vida só tenha uma chance depois que a morte faz o seu serviço..." Rubem Alves - Retratos de Amor.
Foi assim que este livro me surpreendeu na noite de hoje me levando direto ao contato com a morte. Revivi anos, meses, semanas, horas... Fui "re-colocado" em lugares sombrios da minh'alma e me vi, muitas vezes, ausente do amor. Pude perceber que em vários momentos me ausentei de mim e assim perdi contato com o outro. Vi que tento dar conta de uma falta. Já sabia teoricamente, hipoteticamente. Agora o saber é mais profundo, mais meu, mais no corpo. Faz marca, faz punctum. Tentei calar um choro sofrido, mas não consegui. As lágrimas vieram e foram bem-vindas. Às vezes é preciso lavar a alma. Onde eu estava todos esses anos? Tantas vezes morto e morto de novo? Descobri que sentimentos não podem ser prometidos, eles são vividos, hoje, amanhã, depois... para renascer depois, quantas vezes for possível. Lembrei de promessas não cumpridas, livrei-me da culpa. Não se promete amor. Hoje, meu destino mais uma vez se faz trágico. Eu soube, eu sei. Já não consigo sair desse lugar, permanecer nele é desconfortável. Amar mapas. Ausência. Dói de novo, e a cada lembrança uma nova pontada, um novo medo. Amor e ausência... já não estou aqui, não mais.

11 março, 2006

Rubem Alves

10 março, 2006

Hoje eu li uma frase que me surpeendeu. Não posso entrar em detalhes do conteúdo da própria, mas posso dizer que as pessoas são muito engraçadas. Na maioria das vezes elas são loucas, mas engraçadas é um bom adjetivo. Clarice tem uma frase muito boa sobre o cacto publicada em um post abaixo. Falamos de nós, quase sempre. Agimos sobre nossas impressões,quase sempre. É imperioso saber que nós estamos no discurso, ou na melhor das hipóteses o nosso inconsciente está. O que sai da nossa boca é balela, quase sempre. O importante ainda está lá, trancafiado, escondido, camuflado. A gente pode até querer, mas felicidade, amizade, cumplicidade, amor, paz são outra coisa. POR HORA É SÓ.

A semana começou com boas notícias. Meu irmão nasceu. Ainda não o conheci pois só cheguei de viagem hoje, mas me disseram que ele é lindo. Que ele seja muito bem-vindo, feliz, amado, saudável, querido e tudo mais. Beijos João Davi.

06 março, 2006

arghhhhhhhhhhhh.

02 março, 2006

Clarice é uma excelente amiga em dias turbulentos. Ontem ela foi ímpar. Me ajudou a compreender um pouco da natureza animal-humana, me ajudou a ter calma, me fez pensar! Estou suavemente feliz, esperando a naturalidade.

01 março, 2006

"O cacto é cheio de raiva com os dedos todos retorcidos e é impossível acarinhá-lo. Ele te odeia em cada espinho espetado porque dói-lhe no corpo esse mesmo espinho cuja primeira espetada foi na sua própria grossa carne. Mas pode-se cortá-lo em pedaços e chupar-lhe a áspera seiva: leite de mãe severa."
Um sopro de vida - Clarice Lispector.




"Abandone-se, tente tudo suavemente, não se esforce por conseguir - esqueça completamente o que aconteceu e tudo voltará com naturalidade."
Laços de família - Clarice Lispector.