..." que pena que, às vezes, a vida tenha de esperar tanto tempo para renascer da sepultura! Que pena que, às vezes, a vida só tenha uma chance depois que a morte faz o seu serviço..." Rubem Alves - Retratos de Amor.
Foi assim que este livro me surpreendeu na noite de hoje me levando direto ao contato com a morte. Revivi anos, meses, semanas, horas... Fui "re-colocado" em lugares sombrios da minh'alma e me vi, muitas vezes, ausente do amor. Pude perceber que em vários momentos me ausentei de mim e assim perdi contato com o outro. Vi que tento dar conta de uma falta. Já sabia teoricamente, hipoteticamente. Agora o saber é mais profundo, mais meu, mais no corpo. Faz marca, faz punctum. Tentei calar um choro sofrido, mas não consegui. As lágrimas vieram e foram bem-vindas. Às vezes é preciso lavar a alma. Onde eu estava todos esses anos? Tantas vezes morto e morto de novo? Descobri que sentimentos não podem ser prometidos, eles são vividos, hoje, amanhã, depois... para renascer depois, quantas vezes for possível. Lembrei de promessas não cumpridas, livrei-me da culpa. Não se promete amor. Hoje, meu destino mais uma vez se faz trágico. Eu soube, eu sei. Já não consigo sair desse lugar, permanecer nele é desconfortável. Amar mapas. Ausência. Dói de novo, e a cada lembrança uma nova pontada, um novo medo. Amor e ausência... já não estou aqui, não mais.