22 fevereiro, 2007

Sei não, não sei mesmo e há muito tempo. Desconheço os conselhos, escondo-me das soluções possíveis e arrisco cada vez mais num lugar outro que não me traz a menor confiança. Também não tenho confiança em mim, nem em ti, nem nas palavras, nem no silêncio. Não vejo lugar possível, ombro amigo, lingua salgada, colo macio. Estou hoje e ontem e sempre buscando mais de mim em todos os lugares e o que ouço, vejo, sinto e cheiro é poeira, ventania, tempestade. Acho que desapareci no minuto em que nasci. Talvez tenha voltado para lá, onde era úmido, quente, carinho. Canso muito de toda esta terra árida, de pessoas áridas, de amor árido, de sempre fome na boca e coração sozinho. Sofro de falta e é um sofrimento doído, estridente e também árido. A tempestade que se aproxima não molha o seco que a vida é. Água sem molhar é igual a coração sem amar, boca sem beijar, pele sem tocar, corpo sem dançar, religião sem fé, crime sem castigo. É por isso que sofro de alergia, porque tenho terra na garganta e não tenho água para fazer lama.

17 fevereiro, 2007

E eu que estou com um sorriso besta na cara, com o coração a mil e todos os poros vibrando com todas as emoções boas possíveis... Dia feliz!!!!!! Ouvir sorriso sincero de criança é bom, melhor, muito melhor, ainda mais se a criança em questão é desejada, esperada e já amada. Melhor ainda é poder ver o sorriso daqueles que gostamos, ver que as esperanças se renovam e que os nossos sonhos podem sim ser realidade. Hoje estou como quem se diverte em um parque pela primeira vez: Deslumbrado, excitado, apaixonado. Feliz, muito feliz. Bom carnaval para você também.


Bom dia!!! Eu já vou me botar porque hoje é o primeiro dia do resto de nossas vidas!

16 fevereiro, 2007

"Com a lucidez dos embriagados, haviam-se reconhecido desde o primeiro momento. Ou talvez estivessem realmente destinados um ao outro, e mesmo sem o álcool, numa rua repleta saberiam encontrar-se. O fulgor nos olhos e a incerteza intensificada nos passos fora a pergunta de um e a resposta de outro." Caio Fernando Abreu.

14 fevereiro, 2007

Hoje me surpreendi com a data: 14 de fevereiro. Acho que não queria saber do tempo, dos dias... Não queria saber que tenho contas a pagar, textos para estudar, pacientes para atender e mais algumas infinidades de obrigações. Não queria ter obrigações. Hoje, o que eu queria mesmo era poder sentar no chão de algum lugar familiar, ver fotos antigas, contar histórias e me saborear com as histórias de uns poucos queridos que gostaria estivessem por perto. Poderia ser de dia ou de noite, tanto faz, nessas horas o tempo não conta. O que importa é o gosto do amor que a gente leva junto. Importa poder estar perto, de pé no chão, música no som, memórias no ar. Queria poder deitar minha cabeça no colo de uma amiga querida que hoje dorme sob a proteção de um santo chamado Paulo. Queria nós dois em algum lugar longe desta poluição de incertezas, desta algazarra de impossibilidades. Queria ouvir o seu riso... ele para mim é música. Penso em nós, assim a tristeza desaparece e o que se anuncia é contagem regressiva.