23 agosto, 2006

Nunca quis te roubar para mim. Nunca quis que você fosse uma jóia minha, guardada longe dos olhos dos outros. Nunca quis que você fosse mais meu. Não te quero meu, te quero seu... Te quero inteiro, forte, dono de si, independente. Porém, às vezes gostaria de te prender, te esconder. Não dos outros, mas de você. Te esconder dos seus desejos, das suas verdades e necessidades. Gostaria que você me perguntasse se podia... eu te diria que não, te diria que sim... eu estaria aí, perto de você, dentro de você, como consciência. Gostaria que fosse fácil. Mas você deseja... e muitas vezes não sou eu... É difícil para mim não ser o desejo do outro. Tropeço quando não me reconheço, quando não me vejo refletido. Aliás, não tropeço. Eu caio, e como é difícil cair. Psicanálise a parte, ontem descobri que você me viu errado, embaçado, desfocado. Percebi que aquele que eu pensava ser já não estava mais lá, não para você. Você me olhava, mas não me via. O seu amor não me viu. Ao contrário, o meu te enxergou completamente. Te vi através do escuro, te reconheci assim que meus olhos cruzaram os vidros. Vi você amedrontado,assustado, recuado. Não era para eu estar ali. Não queria ter estado, não queria ter te visto. Queria ter te achado dormindo, assim eu seria louco e de manhã acordaria meio triste, mas inteiro. Hoje acordei deficiente. Deficiente de mim. Deficiente de você. Acordei sem ter porquê. Levantei para procurar respostas, assim poderia te achar e tudo ficaria como antes. Não achei. Te perdi. Me perdi.
Sou passional, excessivo, louco varrido. Hoje estou como quem cata vento, raquítico de esperança. Minha doença é desnutrição. Minha doença é não saber você.
Eu amo. Descobri que isto faz toda a diferença.

Um comentário:

Anônimo disse...

Podemos não amar, e assim passarmos a vida toda isentos de tais dores, as dores que só o amor nos faz sentir, dor que nos rasga por dentro. Mas não amar significa não conhecer o poder do amor. Quanto mais amamos descobrimos como ele pode, ele faz acordar, faz não dormir,faz perdoar ou não perdoar. Se o desejo é ser completo, não há outra saída senão amar. Amar os outros e a si mesmo, porém amar a si mesmo não nos livra de ás vezes o outro nos levar um pedaço, e assim descobrimos que somos meio lagartixa, pois com o tempo, a parte levada se refaz e sempre muito mais forte e pronta para a próxima mordida.