19 janeiro, 2006

Clarice disse em A paixão segundo G.H.
"- Ah, mão que me segura, se eu não tivesse precisado tanto de mim para formar minha vida, eu já teria tido a vida."
Em alguma verdade que não a minha, há de existir uma explicação para tantos(tamanhos) desencontros. De uma só vez fizemos abismos, destruímos sonhos e alimentamos o avesso. Na tentativa de me achar, para que eu te achasse, você retorceu o proibido e encontrou o outro lado da fúria. Hoje não me sinto mais perto. Assim com G.H., procurando sua humanidade e se desviando do inferno a cada segundo mais próximo, vou me desviando de você e dos seus planos traçados. Também quero dar lugar a um novo mundo de possibilidades e te largar no ponto em que você se perdeu de nós. Agora, não quero a sua trégua. Quero o meu caminho, e poder fazer dele a diferença marcada, o traço inscrito, a arte não desbotada, de uma vida minha, incompartilhável com o seu destino, sua dor e suas desilusões, tão bem guardados na extensão de sua vida e de todos os seus momentos. Suportei, em silêncio, o grito de agonia por te ver, tantas vezes, percorrer estradas, tangenciando profundos abismos. Você sempre foi bicho arisco, sem dar conta do outro. Também não tenho capacidade para o outro, mas ainda tenho vontade de mim, e por hora, ISSO ME BASTA.

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